Acordou se sentindo mar. Olhou pela janela. Sabia não poder vê-lo dali; mas tinha vontade de ver além do que a vista de seu apartamento lhe permitia. Então olhou o horizonte e viu a si mesma de dentro; e viu o céu, e sentiu o cheiro de maresia, e pisou na areia. Assim como a maré, mudava à medida que a lua mudava sua figura no céu; e ao fechar os olhos sua visão se estendia, e sabia ser parte do todo.
Da sua janela no interior do Brasil, ela era água, e derramava o céu, e mergulhava em si.
Então voltou a dormir, livre dessa vez. Devia ser um sonho tudo aquilo. Não podia; era muito doce pra ser mar.
'A cantar, na maré que vai
E na maré que vem
Do fim, mais do fim, do mar
Bem mais além
Bem mais além do que o fim do mar' - Vinícius de Moraes
E na maré que vem
Do fim, mais do fim, do mar
Bem mais além
Bem mais além do que o fim do mar' - Vinícius de Moraes
Muito bom... Finalmente algo genuíno... Genuíno o bastante para que eu não entendesse. Gosto dessa sensação de inferioridade intelectual, me mostra que estou mais perto de descobrir algo novo.
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